🇵🇹 Natureza essencial do Método de Causa e Efeito e a natureza do Método Adhyāropa-Apavāda
Uma Breve Introdução
No distrito de Śivamogga, existe uma renomada vila védica chamada Mattūr, famosa como “Saṃskṛtagrāma” (vila do Sânscrito). Entre os seis filhos do abençoado casal, Ve. Br. Śrī Subrāya Avadhāni e Cennammā, residentes naquela vila, o autor desta obra foi o quinto. Ele nasceu em 24/02/1960. Na tenra idade de oito anos, ele passou pelo Upanayana e continuou seus estudos védicos tradicionais. Sem desviar sua atenção para a educação moderna, ele completou todo o Yajurveda aos quinze anos de idade. Posteriormente, passou dois anos na filial de Bengaluru, estudando Sânscrito e Vedānta com Ve. Br. Śrī K.G. Subrāyaśarmā. Além disso, dos dezoito aos vinte e cinco anos, ele recebeu instrução em gramática sânscrita, (Vedānta) Śāṅkarabhāṣya e uma introdução aos comentários védicos de seu irmão mais velho, Ve. Br. Śrī Aśvatthanārāyaṇa Avadhāni, e uma introdução a Jyotiṣa de seu pai. Em 1989, ele estabeleceu sua própria escola védica em Mattūr, onde transmitiu conhecimento de Sânscrito, Veda, Vedānta e Jyotiṣa a numerosos alunos. A partir de fevereiro de 2003, atuou como diretor do Adhyātma Prakāśa Kāryālaya, Holenarasipura, ministrando aulas de Śāṅkarabhāṣya, Sânscrito, Jyotiṣa e Veda. Aqui também, muitos alunos completaram seus estudos em Prasthānatrayabhāṣya sob sua orientação. Até hoje, aulas e discursos tradicionais de Bhāṣya continuam a ser realizados diariamente. Em maio de 2010, ele abraçou Tūrīyāśrama e passou a ser conhecido como Śrī Śrī Advayānandendra Sarasvatī. Em dezembro de 2011, com o único objetivo de disseminar Śāṅkarabhāṣya aos aspirantes a buscadores, ele estabeleceu a florescente instituição chamada Śrī Sacchidānanda Advaitāśrama. Através desta instituição, ele continua a conduzir discursos de Vedānta em vários locais. Seus ensinamentos e palestras sobre Vedānta aderem estritamente à tradição Śuddha Śāṅkara e são caracterizados por sua clareza, precisão e adesão à autoridade das escrituras. Mesmo agora, ele dedica sua vida ao estudo, ensino e propagação de Śāṅkarabhāṣya, considerando-o seu próprio fôlego e encontrando satisfação em servir ao seu Guru.
Os nossos agradecimentos a Smt. Manjushree Hegde pelos seus amáveis conselhos na leitura do texto.
André Marques Santana Santos
Śrī Śrī Svāmī Advayānandendra Sarasvatī Mahārāja
Natureza essencial do Método de Causa e Efeito
(kāryakāraṇaprakriyāsvarūpam)
Editado por André Marques Santana Santos
É conhecido por aqueles que se dedicam ao Vedānta que todos os métodos (prakriyā) têm como objetivo único revelar a natureza de Brahman como Ātman. A esse respeito, surge a pergunta: como o método da causa e efeito contribui para essa compreensão? Um efeito (kārya) é uma entidade produzida, em virtude da derivação etimológica segundo a qual “é efetuado, portanto é um efeito”. Uma causa (kāraṇa) é uma entidade que produz, devido à derivação etimológica “produz, portanto é uma causa”. Da mesma forma, o efeito, a entidade produzida, é o mundo múltiplo a partir do espaço (ākāśa). Mas a causa é apenas Brahman.
Do aforismo “Tadananyatvamārambhaṇaśabdādibhyaḥ” (“Com base nos textos sobre a origem, etc., não há diferença entre eles”, BSŚBh II.1.14), aprende-se que entre causa e efeito não há diferença. Embora a criação pareça ser ensinada nas diferentes Upaniṣad de formas incompatíveis, dado que, em algum lugar, começa com o fogo (tejas), em algum outro com o ākāśa ou mesmo sem qualquer sequência, o venerável autor dos [Vedānta] Sūtra reuniu todos esses ensinamentos sobre causa-efeito no aforismo que diz “na viyadaśruteḥ” (“Nem se ouviu que o espaço [tenha uma origem]”, BSŚBh II.3.1). Seguindo essa direção, deve-se compreender a unidade de todas as afirmações contraditórias sobre a criação, fazendo referência particularmente à Muṇḍaka Upaniṣad, porque lá [o processo de criação] é enunciado na sua totalidade. Prosseguindo com a ideia da criação, Brahman se torna o criador do mundo devido ao karma dos seres vivos que anseiam pela manifestação do mundo. Assim, é comparável a uma semente que deseja produzir um broto. Isso significa que, nesse momento, surgiu o alimento não-manifestado (avyākṛtamanna), a potência seminal na forma de nāma-rūpa (nomes e formas), imaginada pela ignorância (avidyā), que chegou ao ponto de desejar manifestar-se.
Daquele não-manifestado (avyakta), emergiu Hiraṇyagarbha, dotado das faculdades de conhecimento e ação. É descrito como o “Si-fio” (sūtrātman) nascido daquele avyakta. Depois, foi produzida a mente (manas), que é da natureza de saṅkalpa (inclinação, intenção), vikalpa (dúvidas, imaginação), etc., o tattva do agregado chamado órgão interno (antaḥkāraṇa). Deve-se entender que todos os sentidos foram produzidos a partir disso, devido ao seguinte texto “manassarvendriyāṇi ca” (“manas e todos os indriya”, Mu.U II.1.3). Isso porque os sentidos possuem a mesma função da mente. Aqui deve-se entender que, depois de criar todos os sentidos não grosseiros, neste ponto o texto explica a criação dos órgãos grosseiros. Em seguida, a realidade (satyam) que refere-se aos cinco elementos sutis em forma tangível e intangível. A partir desses cinco elementos foram criados em sequência os sete mundos do ovo cósmico (aṇḍa). Compreende-se que aqui está subentendida também a criação de Virāṭ. Para esse fim, como bem se sabe, afirma-se também a criação dos cinco elementos grosseiros. Deve-se entender que nasceram os Deuses, os sábios, os seres humanos, os animais, os pássaros, os cervos, as árvores, as trepadeiras, os arbustos, etc., de Virāṭ. Depois foram produzidos os karma e seus frutos. Esse é o desenvolvimento da criação.
Neste ponto, deve-se observar a não-diferença (ananyatva) entre objetos como os vasos e jarras feitos de barro e entre ornamentos, como os brincos, feitos de ouro, mas não se observa a não-diferença entre o espaço e o vento, o fogo e sua morada, a água e seu recipiente, a luz e sua fonte. No entanto, mesmo nesse caso, a não-diferença deve existir para o cumprimento do aforismo. A não-diferença entre Brahman e o mundo, ou o fato de que tudo seja da natureza de Brahman, não pode ser compreendida através da percepção (pratyakṣa), etc. Como se explica então o princípio da não-diferença entre causa e efeito, ou o fato de que tudo é da natureza de Brahman? Não há nenhum problema. Embora os indivíduos (jīva) dentro do mundo (jagat), observando do próprio ponto de vista (dṛṣṭi) como sujeitos (pramātṛ), não percebam a não-diferença entre os elementos, eles podem, no entanto, compreendê-la por meio da inferência (anumāna), como demonstrou Bhagavatpāda [Śaṃkara] quando afirma: “sūkṣmatāvyāpite jñeye gandhāderottararam” (US IX.2)1. Portanto, é possível compreender que, como toda a dualidade da existência fenomênica (dvaita prapañca) não se encontra separada da Consciência (caitanya), que é a natureza de Brahman, pode-se compreender a não-diferença do mundo com Brahman e, consequentemente, é possível conhecer também a mútua não-diferença dos cinco elementos (pañcabhūta). Isso também é indicado em “Esta aparência (māyā) da Realidade última na forma dos três estados é, de fato, mera ilusão” (BSŚBh II.1.9).
Há ainda outro ponto: A origem de todas as coisas, como vasos, tecidos, etc., dentro do mundo (prapañca), ocorre com o suporte do tempo e do espaço (kāla-deśa). Mas quando se quer expressar a origem do mundo inteiro, juntamente com o próprio espaço e tempo, como pode-se conceber que tal origem ocorra com o suporte do espaço e do tempo? Portanto, definir a causa como invariavelmente anterior é válido para os objetos do mundo, mas não para o mundo em sua totalidade que compreende tempo, espaço, efeito, causa, nome e forma (kāla-deśa-kārya-kāraṇa-nāma-rūpa). Assim, neste caso, com “efeito” entende-se uma imaginação (kalpanā) e com “causa” entende-se o substrato dessa imaginação. Como a efetividade (kāryatva) da serpente e a causalidade (kāraṇatva) da corda são imaginadas, da mesma forma, é fundamental compreender que o mundo é imaginado como efeito e que Brahman, como causa, é o substrato dessa imaginação. Já que o mundo é imaginado, da mesma maneira, sua efetividade desaparece. Na ausência de efetividade, também está ausente a causalidade. Dessa forma, estabelece-se que Brahman é livre tanto de efeito quanto de causa.
Então a mente repousa apenas em Brahman, iluminada pelas escrituras. De fato, o método de causa e efeito (kāryakāraṇa-prakriyā) é imaginado (kalpitā) apenas para esse fim. Caso contrário, se ambos fossem reais, haveria, consequentemente, a dualidade que debilitaria a conclusão estabelecida e, assim, nenhuma Libertação seria possível (anirmokṣa prasaṅgaḥ). A natureza desprovida de ambas as formas é experimentada por todos no sono profundo (suṣupti). Todos nós podemos conhecê-la. Não se deve esquecer que a causalidade em Brahman e a efetividade do mundo são afirmadas do ponto de vista da sobreposição (adhyāropa-dṛṣṭi). Na ausência da efetividade do mundo, também está ausente a causalidade de Brahman. Portanto, esse modo de pensar deve ser compreendido. Em conclusão, Aquele é o Si de todos (sarvātmabhūtaṃ), pacífico (śāntaṃ), propício (śivam) e não dual (advaita).
Śrī Śrī Svāmī Advayānandendra Sarasvatī Mahārāja
A Natureza do Método Adhyāropa-Apavāda2
(Adhyāropa-Apavāda-Prakriyā Svarūpam)
Editado por André Marques Santana Santos
Não há dúvida entre os eruditos que os textos do Vedānta, para guiar os buscadores em direção à experiência da Realidade última (paramārtha Tattva) como sua verdadeira natureza, adotam o método da sobreposição (adhyāropa). Eles fazem isso usando termos como “Sat-Brahman” e “Ātman” para descrever essa Realidade e então atribuem a Ela vários atributos irreais como existência, cognoscibilidade (jñeyatva), ser a essência da Consciência e Bem-aventurança, ser realizada através dos ensinamentos das escrituras e mestres, ser a causa do universo, e entrar no universo criado como a alma individual (jīva-ātman).
No entanto, não se deve suspeitar que esses atributos sobrepostos realmente pertençam à Realidade última. Para remover tais dúvidas, os textos do Vedānta [Upaniṣad-s], após usar esses atributos para fins de instrução, refutam explicitamente cada um deles. Eles negam especificamente que a indescritível Realidade última possua quaisquer atributos cognoscíveis como substância, qualidade e ação. Isso não deve ser esquecido.
É importante lembrar que os textos do Vedānta não reivindicam sua própria validade com base em sua capacidade de revelar verdades previamente desconhecidas, como a percepção e outros meios de conhecimento fazem. Em vez disso, eles são figurativamente considerados como pramāṇa [porque] negam as falsas sobreposições e transmitem aquela Realidade última que transcende as relações entre meios de conhecimento e objetos conhecidos (pramāṇa-prameya vyavahāra).
Portanto, não há diferença entre as sobreposições profanas (laukikādhyāropaiḥ) e as sobreposições usadas pelos Śāstra-s e mestres para fins de ensino (śāstra ācārya prakalpita upadeśa artha adhyāropa), nem entre suas respectivas refutações (apavāda). Nenhuma dessas descrições pode afetar Brahman, que é eternamente imutável e além do domínio mundano. São apenas os indivíduos ignorantes no saṃsāra que imaginam Brahman como sendo associado ao mundo e sujeito a mudanças e sofrimento.
É por isso que os textos e mestres do Vedānta, em conformidade (anuvāda) com nossa experiência empírica3, nos instruem: “Apenas Brahman é real, livre de toda diversidade e Um sem segundo. O universo não existe separado de Brahman, nem qualquer alma individual existe separadamente Dele.”
Não se pode imaginar que as escrituras ou Guru-s, através de seus ensinamentos, estejam negando um universo que realmente exista. Nem os textos do Vedānta sugerem em lugar algum que a distinção entre Guru e discípulo ou a ignorância presente no discípulo sejam entidades reais que são removidas pelos ensinamentos.
Tudo é empregado como um meio de instrução, como uma ferramenta provisória. Na realidade, nada existe além da Verdade última, nem antes, durante, nem após o processo de ensino. Esta é a essência do ensinamento.
Este adhyāropāpavāda prakriyā é o único método renomado em todas as Upaniṣad-s, ensinado pelo reverenciado Ādi Śaṅkara e outros mestres do Vedānta que o precederam e eram bem versados na tradição. Isso é compreendido a partir do verso citado no comentário sobre a Bhagavad Gītā: “Aquilo que é desprovido de todas as características é descrito por sobreposição deliberada e subsequente negação.” (adhyāropāpavādābhyāṃ niṣprapañcaṃ prapañcyate. BhGŚBh XIII.13)
O método empregado ao longo do Vedānta, embora uno em essência, assume muitas formas diferentes. Os métodos aparentemente diferentes como ‘causa e efeito’, etc., observados, são meramente variações dentro deste método primário. Outros mestres contemporâneos a Ādi Śaṅkara ou anteriores a ele, que aderiram a diferentes escolas de pensamento, foram incapazes de reconhecer a importância primordial deste método no Vedānta. Eles acreditavam que o buscador poderia alcançar a Libertação removendo uma escravidão ou ignorância realmente existente através de alguma forma particular de prática espiritual (sādhana). Portanto, eles conceberam numerosas variedades de métodos, e a razão para isso foi a incompreensão sobre o método adhyāropa-apavāda.
Agora, vamos explicar a natureza deste método. Em primeiro lugar, a raiz de todas as sobreposições é a noção de “avidyā” (ignorância) residindo no Ātman (Si). É devido a esta avidyā que outras concepções errôneas sobre o Ātman surgem. Os textos do Vedānta utilizam o termo avidyā para denotar esta ignorância, e ao negá-la, a verdadeira natureza de Brahman é estabelecida.
Portanto, sobre Brahman, que está além de todas as distinções, – sendo a essência de tudo, e eternamente ‘realizado’ -, a qualidade de ser realizável (āpyatva) é sobreposta ocasionalmente. No entanto, através desta [deliberada] sobreposição, a dúvida sobre a realização [de Brahman] por meios que não sejam o conhecimento (jñāna) é dissipada. Da mesma forma, às vezes, a qualidade de ser cognoscível (jñeyatva) é sobreposta, negando assim a cognoscibilidade de qualquer entidade que não seja Brahman. Às vezes, a qualidade de ser uma testemunha (sākṣitva) é sobreposta, para refutar a noção de ser um conhecedor (jñātṛtva). E então, até mesmo a qualidade de ser uma testemunha é negada através da afirmação “neti neti” (nem isto, nem isto) em referência à verdadeira natureza de Brahman.
Da mesma forma, a compreensibilidade através de sentenças (vākyagamya) é reconhecida em certas instâncias para demonstrar as limitações da percepção direta (pratyakṣa) como meio de conhecimento. Em alguns casos, considerando a natureza [de Brahman] como além do escopo da linguagem e da mente (vāṅmanasa), nega-se que seja cognoscível através de sentenças ou compreensível pela mente. Da mesma forma, sobrepondo a qualidade de ser a causa do mundo (jagatkāraṇa) sobre Brahman, sua natureza como um efeito (kāryatva) é negada. Então, negando até mesmo sua natureza como causa (kāraṇatva), apenas sua verdadeira natureza (svarūpa) é revelada.
Os cinco invólucros (pañcakośa) são sobrepostos progressivamente, e a identificação com cada invólucro precedente é negada, levando à realização de estar além dos cinco invólucros e, finalmente, além de toda a dualidade (dvaita). Da mesma forma, através da sobreposição do vidente (dṛk) e do visto (dṛśya), a noção de ser o [objeto] visto é negada, seguida pela compreensão e subsequente negação da própria dualidade. Ao sobrepor os três estados de consciência (avasthātraya), a identificação com cada estado precedente é negada, e então, através da compreensão do Quarto (Turīya), a própria noção de possuir estados é refutada.
Em resumo, tudo aquilo que é sobreposto com o propósito de revelar a verdadeira natureza de Brahman é subsequentemente negado, para que o intelecto possa encontrar seu repouso final na própria natureza da Verdade. Tudo o que é apresentado como um meio para compreender a Realidade última (paramārtha Tattva) é meramente uma sobreposição e é repetidamente negado através do processo de “neti neti” (nem isto, nem isto), revelando finalmente o “Ātman” (Si). A natureza indiferenciada de Ātman, além de toda negação, brilha por si só. Esta é a essência do ensinamento.
Aqui, é importante entender que a essência do método de adhyāropa-apavāda é a seguinte: primeiro, sobrepõe-se [deliberadamente] conceitos falsos sobre Brahman, negando assim qualquer realidade oposta a esses conceitos sobrepostos; depois, refuta-se o próprio conceito sobreposto. Até que todas as sobreposições sejam completamente removidas sem qualquer resíduo, deve-se continuar a falsificá-las. É explicitamente declarado nos comentários sobre os três textos fundamentais (prasthāna traya bhāṣya) que apenas através da negação de todas as formas de sobreposição (sarvavidhādhyāropapratiṣedhe) a verdadeira natureza de Brahman pode ser realizada, e não há outro meio para sua compreensão.
Sarve bhadrāṇi bhavantu!
Que isto seja auspicioso para todos!
- “É preciso saber que [na série] que começa com a terra e termina com o Ātman interior, cada [elemento] sucessivo é mais sutil e mais penetrante do que o anterior que foi superado.” Sengaku Mayeda (Ed. by), Thousand Teachings: The Upadeśasāhasrī of Śaṅkara, New York, State University of New York Press, 1992, p. 121.[↩]
- DakṣiṇaBhārata-ŚāṅkaraVedānta-Vidvad Goṣṭhi (Commemoration Volume), Holenarasipura, Adhyātma Prakāśa Kāryālaya, 2011, pp. 1-2.[↩]
- Bhrāntiprasiddhyānūdyārthaṃ tattatvaṃ bhrāntibādhayā. ayaṃ netyupadiśyeta tathaivaṃ tattvamityapi. “Quando um homem deseja contradizer a ideia errônea de outro, primeiro conforma seu discurso àquela noção errônea como se fosse um fato, e depois diz “não é assim” (Sūreśvara, Naiṣkarmyasiddhi III.73). Esta conformidade à “noção errônea como se fosse um fato” é um anuvāda, uma mera reafirmação das noções errôneas que se consideram verdadeiras. Cada adhyāropa implica um anuvāda, uma confirmação das noções errôneas não deliberadas. Assim, quando os textos dos mestres Vedānta afirmam: “… O universo não existe separado de Brahman, nem existe qualquer alma individual separadamente Dele”, etc., eles não estão negando a existência de uma entidade realmente existente. Pelo contrário, a mera menção de um universo constitui um anuvāda, uma confirmação da ideia errônea de um universo independente. É mencionado e, depois, negado. Este emprego da experiência empírica é chamado anuvāda. A palavra anuvāda é importante porque se contrapõe àquela de outros ācārya-s que acreditam estar refutando uma ignorância verdadeiramente existente.[↩]